quarta-feira, 8 de abril de 2009

Rapidinhas sobre o cotidiano kiwi – parte II

1) Digamos que os kiwis não são exatamente excelentes motoristas. Por aqui é bem comum ver carros atravessando na frente de outros e fazendo barbeirgens o tempo todo, e o mais interessante é que eles não se estressam com isso. Se fosse em São Paulo rolava logo um buzinasso e uns xingos. Também não é raro ver carros estacionados a quase um metro da guia, ou com uma roda em cima dela, aliás, isso é bem frequente. Baliza correta é luxo por aqui, chega a ser engraçado. E quem pensa que por aqui não tem trânsito, está enganado. Nos horários de pico (entre 8 e 9 da manhã e 5 e 6 da tarde) as filas de carros ficam bem grandinhas nas principais avenidas, ainda mais próximo às típicas faixas de pedestres onde os carros devem parar quando alguém ameaça atravessar.

2) Quem pretende andar de carro pra lá e pra cá em Wellington, especialmente durante o horário comercial, prepare-se para pagar horrores para estacionar. As ruas são dominadas por parkimetros a 4 dólares por hora ou “coupon zones”, um tipo de zona azul. Existem também as áreas reservadas para residentes, já que a maioria das casas não tem garagem, nesse caso é preciso ter um adesivo indicando que você mora naquela região. Algumas áreas são livres para estacionar, mas com tempo máximo de permanência, que varia de 5 a 120 minutos (e a multa se você ficar por mais tempo pode ser salgadinha). É possível encontrar estacionamentos que cobram 10 dólares para o dia todo, mas se for pagar por hora, não fica por menos de 3,50 cada (eles cobram 50 cents menos que os parkímetros, bela jogada de marketing, não, rs).

3) E pra fechar o tema automóveis, definitivamente poucos kiwis vêem carro como sinal de status, como no Brasil. É claro que existem muitos carros zerados ou de cair o queixo pela rua, mas a grande maioria acaba optando pelos usados baratos e, pra grande maioria, a funilaria não conta muito. Carro arranhado, amassado, com a pintura zuada ou simplesmente com partes sem pintura são os mais vistos por aqui. Até porque não é nada barato fazer o chamado “body work”. A maioria, aliás, sequer lava o “poizé”. Teias de aranha dominam os retrovisores. Lava rápido, só aqueles de posto de gasolina, do tipo escovão automático, que por sinal são bem carinhos e não limpam nada direito. São raros os motoristas cuidadosos que passam a manhã de sábado lavando o carro.

4) O serviço público de transporte de Wellington é muito bom. Existem ônibus ou trens para todos os lados da cidade, todos eles com horários muito bem definidos, dificilmente atrasam. Porém, paga-se um preço um tanto quanto alto por isso. A cidade é dividida em zonas e a passagem é cobrada de acordo com a distância. Com isso, para ir de um bairro a outro, às vezes muito perto, acaba-se pagando no mínimo 3 dólares. Pra andar dentro de uma zona, o valor mínimo é $1,50, e pode chegar a $8 pra quem viaja por 7 zonas. Existem algumas possibilidades de economia, como o bilhete “day tripper”, que dá direito a pegar quantos ônibus quiser dentro de um dia (válido após as 9am), ou os cartões tipo “bilhete único”, que você carrega e ganha desconto de cerca de 25% no valor de cada passagem. Mais infos no site da Metlink.

5) O horário comercial aqui na NZ é das 9am às 5pm, portanto, a maioria das pessoas trabalha neste horário (o que já é uma jornada reduzida comparada à das 8am às 6pm do Brasil). Mas também é muito comum por aqui trabalhar em horários alternativos, especialmente no setor de hospitalidade e turismo. Com isso, é possível ver as praias ou os parques lotados de gente se exercitando ou relaxando em plenas 3 da tarde. Ah, também é bem conhecida por aqui a famosa “marmita”. Acho que a maioria das empresas não paga almoço, então não é raro ver a galera almoçando, com seu “tupperware” ao ar livre, nos parques ou perto da praia.

6) É possível encontrar banheiros públicos por toda a parte, seja no centro da cidade, perto das praias, ou nos parques. Claro que por serem públicos e ficarem abertos 24h, estão sujeitos ao vandalismo de alguns “joselitos”, mas a maioria que encontro por aqui é até que bem cuidadinho e, o melhor, as mulheres (ou pessoas em caso de emergência, rs) não precisam passar aperto porque sempre tem papel higiênico!

7) Tenho três observações sobre os comerciais de TV da NZ. A primeira delas é que a maioria das propagandas são muito bem elaboradas e produzidas, algumas devem ter um budget absurdo diante dos recursos utilizados. Por outro lado, imagino que não seja muito caro inserir um anúncio na TV, pois algumas propagandas são bem amadoras e precárias, tenho a impressão de que qualquer “2 dólar Shop” (as famosas lojinhas de R$1,99) ou o Zé do açougue podem anunciar. Mas o que mais me impressiona são as chocantes propagandas contra alcoolismo, bebida e direção e outros assuntos do tipo. Algumas chegam a ser de arrepiar, eles não são nenhum pouco polidos ao falar de morte ou tragédias em família, por exemplo. É um tanto radical, mas não deixam de ser bem instrutivas.

8) Uma das coisas que mais gosto em Wellington (e acho que é assim em toda a NZ) é o grande número de parques e reservas naturais espalhadas por toda parte. Nada como poder ter momentos relax no meio da natureza, ou até mesmo curtir o visual e o verde durante uma caminhada de meia hora para o trabalho.

9) Para quem gosta de passeios culturais, a NZ também é um prato cheio. Museus (entre eles o maior da NZ, Te Papa), exposições, trilhas históricas... aqui é possível apreciar tudo isso, e o melhor, FREE! A maioria das exposições é gratuita, alguns lugares possuem uma caixinha para doações espontâneas. Algumas vezes existem esposições específicas pagas, como a do Monet que está no Te Papa a $15 por cabeça, ou você pode ainda optar por uma visita guiada por alguns dólares, mas o resto do museu é aberto ao público gratuitamente. Ou seja, falta de dinheiro não é desculpa pra falta de cultura.

10) A Nova Zelãndia é um país de população relativamente jovem, porém existem muitos idosos por aqui também. O curioso é o número de “rest homes”, ou casas de repouso, destinadas a eles. Estão por toda parte, públicas ou privadas (a maioria). Só no Te Hopai Home em Hospital, onde trabalho, são cerca de 100 velhinhos residentes. Há também os serviços de caregiver doméstico, onde as pessoas vão até a casa dos idosos para ajudá-los com a arrumação, comida, banhos ou até mesmo fazer companhia em atividades recreativas. Existem muitas empresas por aqui especializadas nisso, uma delas é a Home Instead, onde o Shurato trabalha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Suas informações, como sempre, são mto úteis e esclarecedoras!!! bj
marlene