terça-feira, 3 de março de 2009

Aprendendo com os mais velhos

Dia 28 de fevereiro completamos 4 meses de Nova Zelândia e, como sempre, parei pra pensar um pouco na nossa vida aqui e fazer um balanço de tudo o que já passamos. Ainda não estamos estabilizados, nem ganhamos quase nada em dinheiro, nem viajamos tanto por aqui, mas certamente a bagagem que já temos conosco é algo incontestável.

Depois de lavar louça por alguns dias e trabalhar em fazendas por pouco mais de um mês, chegou a hora de encarar o dia-a-dia da faxina. Posso dizer que estou empregada, com direito a contrato assinado e tudo certinho. Comecei como cleaner (ou diarista, rs) temporária e acabaram gostando de mim e do meu trabalho. Sou contratada por uma empresa grande de limpeza comercial chamada Spotless (eles também trabalham com cozinha, manutenção, entre outros serviços) para, a princípio, ficar em um cliente específico, o Te Hopai Home and Hospital. É uma espécie de casa de repouso com hospital para idosos (inclusive com uma parte psiquiátrica) aqui em Wellington, que tem hoje cerca de 90 moradores.

O lugar é bem grande (e ainda estão ampliando), mas o trabalho não é nada de outro mundo. Tenho que, diariamente, passar aspirador em tudo (pois aqui é tudo carpete, exceto banheiros), tirar pó dos móveis e limpar os banheiros (o que também é feito bem diferente aqui, nada de “lavar” com um mundo de água), isso com a ajuda de mais duas funcionárias e uma supervisora, nos revezando entre os dias da semana. Tudo com equipamentos de proteção, produtos e treinamento específico. Segredo nenhum. O que cansa é andar pra lá e pra cá o dia todo, mas com isso aos poucos eu me acostumo (e é bom que mantenho a forma, rs).

O “X” da questão é que nunca me imaginei trabalhando em um “asilo”. Nada contra os velhinhos, pelo contrário, só não acho que eu tenho “o dom” e condições emocionais pra isso. Quando o Shurato começou a procurar trabalhos de caregiver aqui (é como chamam as pessoas que cuidam de idosos, seja para fazer companhia ou ajudar com tarefas domésticas e cuidados diários), vimos que é uma área bem carente de mão-de-obra, pois poucos se sujeitam a fazer o trabalho. Dos CVs enviados, a maioria teve uma resposta das empresas (tanto que hoje ele está empregado por duas, rs), ainda assim, eu não pensava na idéia de me candidatar.

Por fim, procurei empregos do tipo que não precisam de inglês fluente, como cleaner, e acabei indo parar em um lar para idosos. Estou lá há apenas duas semanas, mas posso dizer que a cada dia aprendo mais com esse trabalho. Teoricamente eu não estou lá para cuidar dos idosos, e sim para limpar o ambiente onde eles vivem, mas, mesmo com meu inglês ainda limitado, muitas vezes eles puxam assunto e consigo trocar algumas palavras. Na maioria das vezes, vem alguma frase que bate lá no fundo e me faz enxergar a vida com outros olhos.

No começo eu ficava meio mal em ver a condição de alguns deles, e ainda fico meio balançada com algumas situações. Mas, como o Shurato mesmo diz, estou tentando enxergar esse trabalho com outros olhos e me ver como alguém que está lá para ajudá-los, para tornar a vida deles mais fácil e, por que não, entretê-los e diverti-los às vezes.

No dia 26 de fevereiro, por exemplo, rolou uma “International Parade”, onde os funcionários (na maioria estrangeiros) usaram roupas típicas de seus países, desfilaram e fizeram um showzinho para os residentes, com direito a juri e premiação. Como eu não tinha nada típico do Brasil aqui, acabei usando trajes indianos junto com a equipe da limpeza, foi no mínimo engraçado. Tudo isso com direito a dança do ventre improvisada e um sambinha no pé (já que eles colocaram um CD de músicas brasileiras). Imaginem a cena...

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Cris, é a Fe Abate de novo, td bem?
Passei só pra mandar um beijo e dar uma lida nos posts.
Que bom que vc saiu da roça, rsrsrs, parecia ser muito cansativo!
Ah, te falei que me chamaram daquele concurso do TJ? Começo a trabalhar na segunda! I'm so happy!!!

Beijos.