quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Backpacker, nem sempre a melhor opção

Quando começamos a ler sobre a Nova Zelândia e as opções mais baratas de acomodação, o que mais ouvimos falar foi sobre os backpackers – mais conhecidos como albergues no Brasil. Lemos que era possível encontrar diárias por volta de 20 dólares em backpackers, e que eles são a acomodação preferida de mochileiros ou estudantes internacionais.

Ao pesquisar para escolher onde ficaríamos quando chegássemos, começamos a ver que não era bem assim. No Google Maps encontramos dezenas de backpackers em Wellington, mas ao entrar no site de cada um deles, os preços assustaram. Sim, existem opções de diárias bem baratas, por volta dos 20 dólares, mas isso se você não se importar de ficar em um quarto com mais 6, 8, 10 ou mais pessoas. Talvez seja uma boa pra quem viaja sozinho, em busca de aventura. Afinal, num quarto com pessoas desconhecidas é mais fácil conhecer gente e encontrar diversão. Mas não é bem o nosso caso...

Procurávamos um quarto privativo, onde pudéssemos ficar só nós dois, e nesse caso, os preços sobem bastante. Levando em conta que já teríamos que usar banheiro, chuveiro, cozinha, sala e tv coletivos, não seria pedir muito ter pelo menos um quarto só pra gente, pra termos um pouco de privacidade e poder deixar nossas bagagens tranquilamente (não é preconceito, mas em backpacker tem gente de todo canto do mundo, não dá pra confiar em todo mundo).

Os valores para diárias de quartos duplos mais baratos que encontramos foram por volta de 60 dólares (pelo quarto, não por pessoa). Alguns chegavam a cobrar $60 por pessoa. Absurdo. O que fizemos foi reservar um quarto apenas para a primeira semana. Assim, chegando aqui, poderíamos andar pela cidade e ver se encontraríamos alguma opção mais barata, mesmo porque não sabíamos se iríamos nos adaptar ao backpacker que escolhemos, o Rowena’s Lodge (não tinha muitas fotos no site).

Quando chegamos, confesso que foi um baque. O lugar não é tão ruim, mas na situação em que nos encontrávamos, cansados da viagem de quase dois dias, precisando de um banho quente, comida e cama, foi desanimador. Tomar banho no banheiro coletivo não é lá muito agradável. Os boxes até que não eram tão apertados, mas ter que entrar com roupa suja, roupa limpa, toalha, shampoo e companhia, se trocar no chão molhado (e torcer pra que não caia tudo nesse chão)... é um porre. Fora que quando alguém ia usar a pia do banheiro e ligava a torneira, quase morríamos queimados ou congelados, porque a temperatura da água do chuveiro ficava toda desregulada. Já passei por coisa pior, mas quando eu ia acampar com galera, aí o pique era outro. Pelo menos a cama era boa e a coberta bem quente, disso não podemos reclamar.

Nosso primeiro "lar"... isso que vocês estão vendo era todo o nosso território no backpacker, o resto era coletivo (a bagunça é só um detalhe)


Mas depois que descansamos da viagem, o primeiro passo foi andar pela cidade e conhecer outras possibilidades de acomodação, se não mais baratas, pelo menos mais confortáveis.

Passados alguns dias, encontramos outro backpacker, o Rosemere Backpacker. Tínhamos entrado no site deles no Brasil e parecia melhor que onde estávamos, mas inicialmente não tinha vaga. Então, fizemos uma reserva pra quando saíssemos do outro Rowena’s. Porém, nesse meio tempo, conhecemos uma família de brasileiros (Junior, Márcia e os dois filhos, de Piracicaba) que nos falou sobre um hotel onde eles haviam morado por um tempo, por um preço bem atrativo, então fomos conhecer.

Motor Inn – um hotel com jeito de casa

Chegamos ao Carillon Motor Inn, um hotel antigo, tipo casarão, cuja dona é uma senhora, Mrs. Bernice. Quando chegamos ela não foi lá muito receptiva, olhou meio desconfiada. Mas o Shurato começou a conversar com ela e explicou que o Junior, que havia morado lá, tinha nos indicado, que precisávamos ficar cerca de oito semanas, enquanto estudamos inglês. Ela logo foi com nossa cara, e acabou fazendo um pacote pra gente – fechamos um quarto por 200 dólares por semana. No backpacker, estávamos pagando 420 por semana.

Ou seja, por menos da metade do preço, conseguimos um quarto maior, com banheiro privativo, TV, e outras coisinhas mais, como um armário e uma mesa. Quem procura acha! rs. A única desvantagem aqui é que ainda não temos nossa própria cozinha e geladeira, e temos que usar a do hotel. Mas isso não é tão complicado, em alguns horários é bem tranquilo. O lugar é meio estranho à primeira vista, à noite chega a ser meio assustador, rs, o carpete cheira um pouco de mofo, mas aos poucos nosso quarto ficou com cara de casa.

Bem melhor, não!
Aqui às vezes aparecem “hóspedes casuais”, pra ficar uma noite ou duas, mas a maioria das pessoas mora por aqui, alguns há meses. Sair daqui, só se arrumarmos emprego e conseguirmos alugar um apê por um bom preço com nossa própria cozinha. Mas nem sabemos se continuaremos em Wellington depois do curso, então por enquanto nem vale a pena sair daqui.

Enfim, a dica é essa, pra quem vai viajar pro exterior, nem sempre as opções disponíveis na internet são as melhores e mais baratas. Pra quem é mais novo, não fala nada de inglês, uma outra boa opção é ficar em Homestay, ou seja, casa de família. Nossos novos amigos brasileiros estão nesse esquema e se sentiram bem acolhidos quando chegaram. Fora que os pacotes já incluem alimentação, então acaba saindo bem barato. Mas pra quem já é mais independente e não se adaptaria a morar com uma família “estranha”, existem essas opções debaixo do tapete. Hotéis antigos, casarões que alugam quartos, até alguns motéis podem sair bem barato pra passar um fim de semana ou pouco tempo (Motel aqui não tem o mesmo sentido que no Brasil, é simplesmente um lugar pra passar a noite).

O que vale é pesquisar, andar pela cidade, perguntar para quem é de lá ou já foi para lá há mais tempo, enfim, não tomar como única base a internet e os guias de viagem.
Have a nice trip!

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